A dificuldade de acordar cedo não é apenas preguiça, como muitos acreditam. A ciência vem desvendando o que está por trás dessa resistência que o corpo apresenta ao toque do despertador. E a explicação está bem mais próxima do que você imagina: no funcionamento profundo do seu cérebro enquanto dorme.
O que acontece no cérebro durante o sono
O sono é dividido em três fases principais: sono leve, sono profundo e sono REM. Cada uma dessas etapas envolve diferentes níveis de atividade cerebral e, consequentemente, afeta diretamente a forma como você acorda. O despertar durante o sono leve tende a ser mais fácil, mas se o alarme tocar quando você está no sono profundo, seu corpo reage com lentidão, sensação de confusão e cansaço, o chamado “inércia do sono”.
Segundo a neurobióloga Rachel Rowe, da Universidade do Colorado, o ato de acordar não é simplesmente o contrário de dormir. O cérebro passa por uma transição ordenada, iniciando na parte frontal (responsável por decisões e raciocínio) e se espalhando para as áreas posteriores (como visão e processamento sensorial). Ou seja, seu cérebro literalmente “liga” aos poucos.
Por que algumas pessoas acordam bem e outras não
Estudos indicam que genética, estresse, rotina de sono e até o momento em que você é acordado têm impacto direto no seu humor matinal. Despertar durante a fase REM, por exemplo, faz com que o cérebro ative suas funções mais rapidamente, o que explica por que, às vezes, você levanta com disposição. Já ser arrancado do sono profundo pode desencadear um despertar lento, sonolento e mal-humorado.
Francesca Siclari, do Instituto Holandês de Neurociência, explica que o cérebro segue uma ordem fisiológica no despertar. E isso pode ser influenciado pela exposição à luz natural logo pela manhã ou por hábitos antes de dormir, como evitar telas ou refeições pesadas.
A ciência ainda está só começando a entender o despertar
Pesquisadores já apontam que esses novos achados sobre a fase do despertar vão além da simples curiosidade. No futuro, essa compreensão pode ajudar a diagnosticar distúrbios como apneia do sono e criar soluções personalizadas para melhorar a qualidade do sono e da vida de milhões de pessoas.
A verdade é que o despertar é tão complexo quanto o sono em si. E a forma como você começa o dia depende de fatores que vão muito além da força de vontade. Ter consciência disso pode ser o primeiro passo para ajustar seus hábitos e acordar com mais disposição, respeitando o ritmo natural do seu corpo.