Tirar a CNH no Brasil pode finalmente caber no bolso. Um novo projeto do governo federal quer acabar com a obrigatoriedade de aulas em autoescolas, o que pode reduzir o custo da habilitação em até 80%. O valor médio, que hoje ultrapassa R$ 3.200, cairia para menos de R$ 700, segundo estimativas oficiais.
A proposta foi apresentada pelo Ministério dos Transportes e ainda está em fase de análise, mas promete transformar o acesso à carteira de motorista em todo o país.
Aprendizado livre, mas com exames obrigatórios
Com o novo modelo, o candidato à CNH poderia estudar por conta própria ou com um instrutor credenciado, sem precisar passar por autoescolas. O processo seria mais flexível, mas com exames práticos e teóricos mantidos como forma de avaliação obrigatória.
A medida segue exemplos já adotados em países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Argentina, onde é possível aprender com familiares ou instrutores independentes, desde que se passe nos testes exigidos pelo governo.
Por que isso pode mudar tudo?
Segundo o Ministério dos Transportes, cerca de 77% do custo da CNH hoje vai para as autoescolas. E esse valor tem sido um dos maiores obstáculos para milhões de brasileiros que ainda não conseguiram tirar a habilitação.
O projeto tem como foco a inclusão social, especialmente de jovens, trabalhadores informais e pessoas de baixa renda, que veem na CNH uma porta de entrada para o mercado de trabalho.
“Se desse pra fazer com meu pai me ensinando, ia me ajudar demais”, diz Henrique Souza, atendente de supermercado de 22 anos, que ainda não conseguiu pagar o processo atual.
As autoescolas vão acabar?
Não. O governo garante que as autoescolas continuarão funcionando, mas como uma opção, não mais uma obrigação. Quem preferir seguir no modelo tradicional poderá continuar contratando os serviços dos Centros de Formação de Condutores (CFCs).
A proposta prevê também que instrutores independentes sejam cadastrados oficialmente nos Detrans, para garantir qualidade no ensino mesmo fora das autoescolas.
Impactos positivos e alertas sobre segurança
O governo defende que, além da inclusão, o projeto pode ajudar a reduzir o número de motoristas irregulares. Hoje, quase 40% dos donos de carros no Brasil dirigem sem CNH, segundo dados oficiais.
Mas nem todo mundo vê a mudança com bons olhos. Especialistas em trânsito alertam que o fim da obrigatoriedade de aulas formais pode trazer riscos.
“Eliminar a única estrutura de formação que temos hoje é uma irresponsabilidade”, critica Márcia Pontes, educadora de trânsito reconhecida nacionalmente.
Ela afirma que, embora o processo atual tenha falhas, a solução não pode ser simplesmente cortar etapas. A prioridade deve ser melhorar o sistema, não desmantelá-lo.
Países que já adotaram modelos semelhantes
Em vários países, os motoristas já podem se preparar para os exames sem passar por autoescolas obrigatórias:
- Estados Unidos: exames diretos em quase todos os estados
- Argentina e México: aulas não são exigidas, só testes oficiais
- Japão, Reino Unido, Suécia e Austrália: modelos mistos com ensino livre e exames rigorosos
Esses sistemas buscam reduzir o custo do processo e ampliar o acesso à habilitação, especialmente para pessoas em áreas remotas ou de menor renda.
O que vem pela frente?
O projeto ainda está sob análise da Casa Civil e não tem data para ser enviado ao Congresso. Se aprovado, começaria pelas categorias A (moto) e B (carro de passeio), mas pode ser expandido futuramente para condutores profissionais.
Enquanto isso, o debate segue quente: a flexibilização vai democratizar o acesso à CNH ou abrir brechas para condutores despreparados?
O que você acha dessa mudança?