Nas últimas décadas, houve uma mudança significativa na forma como as pessoas lidam com o consumo. Se antes a prioridade era comprar bens materiais para simbolizar status, hoje cresce o número de pessoas que optam por investir em experiências, viagens, cursos, shows, gastronomia e até pequenas atividades de lazer.

Esse movimento não é apenas uma tendência passageira, mas reflete transformações profundas no comportamento social, econômico e psicológico. Mas por que isso acontece? Quais fatores explicam a preferência crescente por experiências em vez de produtos físicos?

O valor emocional das experiências

Pesquisas em psicologia do consumo mostram que experiências geram mais satisfação a longo prazo do que objetos. Isso porque um produto, por mais desejado que seja, tende a perder a graça com o tempo devido à adaptação hedônica: o prazer inicial diminui à medida que nos acostumamos a ele.

Já as experiências criam memórias e emoções duradouras. Uma viagem inesquecível, um jantar especial ou um concerto com amigos podem ser lembrados por anos e até compartilhados em conversas, fortalecendo vínculos sociais.

Status social em transformação

No passado, possuir produtos de luxo era visto como um símbolo de poder e sucesso. Hoje, em um mundo conectado pelas redes sociais, vivências únicas passaram a ter mais valor de status. Publicar fotos de uma viagem exótica ou de um festival renomado gera mais engajamento do que exibir um item caro recém-comprado.

Essa mudança também está ligada ao desejo de autenticidade. As pessoas não querem apenas mostrar o que têm, mas quem são e o que vivem.

A influência da economia digital

O acesso facilitado a produtos pela internet também contribuiu para essa transformação. Hoje, quase tudo pode ser comprado com poucos cliques, o que reduziu a sensação de exclusividade associada aos bens materiais.

Por outro lado, as experiências continuam sendo singulares: duas pessoas podem até viajar para o mesmo destino, mas cada vivência será única, carregada de percepções e emoções diferentes.

Menos acúmulo, mais liberdade

Outro fator relevante é o crescimento do minimalismo e da busca por estilos de vida mais simples. O excesso de objetos pode gerar estresse, gastos desnecessários e sensação de desordem.

Investir em experiências, por sua vez, não ocupa espaço físico e ainda promove bem-estar. Muitas pessoas têm preferido gastar seu dinheiro em atividades que tragam aprendizado, prazer e conexão emocional em vez de acumular mais itens em casa.

O impacto na saúde mental e no bem-estar

Experiências estão diretamente associadas a níveis mais altos de felicidade. Um estudo da Universidade de Cornell mostrou que pessoas que gastam dinheiro com experiências, em vez de bens, relatam maior satisfação e sensação de realização.

Isso se deve ao fato de que atividades como viagens, esportes e eventos sociais:

  • Reduzem o estresse.
  • Favorecem a socialização.
  • Estimulam o aprendizado e a criatividade.
  • Criam um senso de pertencimento e identidade.

Enquanto um produto pode ser desfrutado sozinho, experiências costumam envolver outras pessoas, fortalecendo conexões humanas.

O consumo das novas gerações

As gerações mais jovens, especialmente os millennials e a geração Z, valorizam mais as experiências do que seus pais e avós. Esse público prefere gastar em festivais de música, passeios gastronômicos e viagens a investir em carros ou imóveis logo cedo.

Isso reflete também mudanças no mercado de trabalho e nos valores culturais: flexibilidade, autenticidade e vivências únicas são mais importantes do que estabilidade material imediata.

Como as empresas estão reagindo

Diante dessa mudança de comportamento, marcas e empresas têm buscado criar não apenas produtos, mas experiências integradas. Lojas físicas se transformam em espaços interativos, restaurantes investem em ambientações imersivas e até plataformas digitais oferecem benefícios voltados para vivências reais.

O turismo, a gastronomia e o setor de entretenimento são alguns dos segmentos mais beneficiados por essa transição de mentalidade.

Viver experiências é investir em memórias

A preferência por experiências mostra que o consumo não é apenas uma questão material, mas também emocional. Quando escolhemos viver algo em vez de comprar um objeto, estamos investindo em histórias que levaremos conosco para sempre.

Essa mudança revela um desejo coletivo de dar mais sentido à vida, de construir memórias autênticas e de encontrar felicidade não no que possuímos, mas no que vivemos.

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Jornalista atuante desde 2019, com registro profissional no Ministério do Trabalho desde 2022, e experiência em produção de eventos desde 2016. No Estúdio Mídia, atua como redatora, editora e web designer, criando conteúdos sobre beleza, saúde, comportamento e bem-estar, sempre com foco em qualidade, leveza e informação útil.