Ver vídeos, aulas online ou ouvir podcasts em velocidade maior virou hábito comum, especialmente entre os mais jovens. O objetivo é claro: economizar tempo e consumir mais conteúdo em menos horas. Mas o que parecia uma prática inofensiva começa a levantar preocupações. Estudos mostram que, quando esse hábito é levado ao extremo, ele pode prejudicar a compreensão, afetar a memória e reduzir o aproveitamento do aprendizado.

Pesquisas recentes indicam que o cérebro tem um limite para processar informações em ritmo acelerado. Embora assistir a um vídeo em 1,25x ou 1,5x possa ser benéfico para revisar conteúdo ou manter o foco, velocidades maiores tendem a comprometer o desempenho cognitivo.

Como o cérebro processa informação acelerada

Toda fala ou vídeo consumido passa por três etapas no cérebro: codificação, armazenamento e recuperação. A codificação, que é o entendimento inicial do que está sendo dito, exige tempo e atenção. A média da fala natural é de 150 palavras por minuto. Além desse ritmo, a memória de trabalho pode se sobrecarregar e começar a falhar.

Essa memória temporária, responsável por organizar o que ouvimos antes de enviar à memória de longo prazo, tem capacidade limitada. Quando muita informação chega em pouco tempo, parte do conteúdo se perde.

Meta-análise mostra queda no desempenho com aumento da velocidade

Uma revisão de 24 estudos sobre aprendizagem por videoaulas comparou o desempenho de grupos que assistiram ao mesmo conteúdo em diferentes velocidades: normal, 1,25x, 1,5x, 2x e 2,5x. Os testes aplicados depois incluíam perguntas de múltipla escolha e recordação direta.

Os resultados foram claros: quanto maior a velocidade, pior a compreensão. A 1,5x, a queda na nota foi pequena, cerca de 2 pontos percentuais. A 2x ou mais, a perda se acentuava, chegando a 17 pontos em 2,5x.

Idosos são os mais impactados

Outro estudo avaliou adultos entre 61 e 94 anos e concluiu que eles têm mais dificuldade para absorver conteúdo em velocidade acelerada. Em comparação com jovens entre 18 e 36 anos, o desempenho caiu consideravelmente. Isso se deve à perda natural de eficiência da memória com o passar dos anos.

Para esse público, especialistas recomendam manter a velocidade normal ou até mesmo mais lenta para garantir um melhor aproveitamento do conteúdo.

Velocidade não é tudo: prazer e compreensão também contam

Mesmo quando a memória não é diretamente afetada, o prazer de consumir um vídeo ou aula pode diminuir com a reprodução acelerada. E esse fator interfere diretamente na motivação para continuar aprendendo.

Ainda faltam respostas sobre os efeitos a longo prazo do uso constante desse recurso. Não se sabe se o cérebro pode se adaptar com o tempo ou se a prática leva à fadiga mental.

A dica dos especialistas é simples: use a velocidade acelerada com moderação e sempre que for realmente necessário. Em situações em que a compreensão total e a retenção do conteúdo são cruciais, o ideal é manter o ritmo normal.

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Jornalista com registro no MT desde 2022, atuando na área desde 2019. Produtor de eventos desde 1998 e desenvolvedor web desde 2007, com foco em WordPress e conteúdo digital. No Estúdio Mídia, cuida da criação, edição e estratégia dos conteúdos.