Enquanto o mundo ainda discute baterias e estações de recarga, a China pode ter dado um passo ousado rumo ao futuro da mobilidade. A montadora estatal GAC Group apresentou um motor 2.0 movido a amônia líquida que promete ser mais eficiente, mais limpo e, em muitos aspectos, mais viável que os carros elétricos atuais.
O protótipo já é real e funcional. Sem depender de gasolina nem de baterias de lítio, o motor da GAC entrega 161 cavalos de potência, 120 kW de desempenho e emite apenas 10% dos poluentes comparado a um motor a combustão tradicional. Tudo isso com infraestrutura simplificada e custo potencialmente menor que as soluções baseadas em hidrogênio.
Por que amônia? A lógica por trás da inovação
A escolha da amônia líquida como combustível não foi aleatória. O composto químico (NH₃), formado por nitrogênio e hidrogênio, já é amplamente utilizado na indústria de fertilizantes e refrigeração. Isso significa que a infraestrutura global de transporte e armazenamento já existe, um trunfo frente aos obstáculos enfrentados por veículos elétricos e hidrogênio.
A amônia não exige criogenia extrema, tem densidade energética adequada e pode ser armazenada sob pressão moderada. A aposta, portanto, é numa transição mais rápida, barata e sustentável.
Desempenho de carro a gasolina, sem emissão de CO₂
Além de ser uma solução limpa, desde que a amônia seja produzida com energia renovável, o motor entrega autonomia e potência semelhantes a carros a gasolina. E tudo isso sem precisar recarregar baterias ou esperar em postos com carregadores específicos. Basta abastecer, como nos modelos atuais.
E o lado perigoso? Segurança é prioridade
A amônia é tóxica e exige manuseio cuidadoso. Por isso, o novo motor foi projetado com um sistema de segurança reforçado: sensores de vazamento, compartimentos isolados e protocolos automatizados de emergência. A GAC garante que o modelo atende às exigências de segurança para circulação urbana e comercial.
O maior desafio, segundo especialistas, será convencer o público de que um líquido tóxico pode ser seguro e mais sustentável que gasolina ou eletricidade.
A grande virada no debate sobre mobilidade
Carros elétricos são eficientes, mas enfrentam limitações sérias: baterias caras, longo tempo de recarga e falta de estrutura em diversas regiões do mundo. O motor da GAC movido a amônia surge como uma alternativa viável nesses contextos, sem abrir mão de autonomia ou desempenho.
Além disso, a produção e descarte de baterias de lítio tem gerado preocupação ambiental crescente. A nova solução elimina esse problema e ainda pode operar onde a eletrificação é impraticável.
A China lançou o desafio. O mundo está de olho
A GAC já é referência no setor automotivo chinês e concorre diretamente com nomes como BYD e Tesla. Agora, com esse motor movido a amônia líquida, entra em um novo campo de disputa: o da mobilidade sustentável do futuro.
Empresas como Toyota, MAN e Maersk também estudam o uso de amônia, principalmente no transporte marítimo e ferroviário. Mas a GAC foi a primeira a aplicar a tecnologia com sucesso em um motor de 2 litros para carros de passeio.
O mundo assiste com atenção. Será esse o combustível que vai enterrar de vez a gasolina e talvez até as baterias? A resposta pode vir antes do que se imagina.