A vida nas redes sociais deixou de ser apenas compartilhamento de momentos. Hoje, tudo é medido por curtidas, comentários, visualizações e seguidores. Isso cria uma nova lógica silenciosa: quanto mais engajamento, mais validação. E aí entra o problema, quando a busca por aprovação começa a moldar comportamentos, opiniões e até a autoestima.

O “like” virou uma moeda emocional poderosa. E viver em função dele tem consequências mais profundas do que parece.

A lógica da recompensa digital

As plataformas são programadas para reforçar o comportamento viciante. Cada curtida recebida ativa o sistema de dopamina do cérebro, o mesmo que responde a recompensas e prazeres. Aos poucos, o cérebro associa validação digital com valor pessoal.

O problema? Isso vicia. E como toda recompensa imediata, exige cada vez mais estímulo pra manter o mesmo efeito.

  • Posta uma selfie? Espera os elogios.
  • Compartilha uma opinião? Quer que ela viralize.
  • Mostra sua rotina? Espera que digam “uau, você é incrível”.

O conteúdo deixa de ser espontâneo e passa a ser moldado pelo que rende mais.

A performance substitui a autenticidade

Quando a vida vira palco, as ações se tornam ensaio. A espontaneidade perde espaço pra estratégia. As pessoas passam a:

  • Evitar mostrar momentos reais por medo do julgamento
  • Repetir tendências, mesmo sem se identificar, só pra “engajar”
  • Medir autoestima pelo número de visualizações

Isso cria uma espécie de personagem digital e quanto mais longe da realidade ele estiver, mais cansativa e desconectada a vida se torna.

A comparação constante mina a saúde emocional

A cultura do engajamento também alimenta a comparação. Afinal, a timeline mostra só os melhores ângulos, os dias mais felizes e as conquistas mais chamativas.

Isso faz com que muita gente se sinta atrasada, inadequada ou invisível, mesmo quando está tudo bem na vida real.

A comparação vira padrão. E o padrão, quase sempre, é inalcançável.

Efeitos na autoestima, nas relações e na tomada de decisão

A necessidade de aprovação constante muda não só como a gente se vê, mas como a gente escolhe, se relaciona e até opina.

  • Medo de expressar opiniões impopulares
  • Relações superficiais, baseadas em validação mútua
  • Decisões baseadas no que “fica bem” nas redes, e não no que se quer de verdade

Isso cria uma distância entre a pessoa que somos e a que mostramos ser e viver nesse conflito cansa.

Como reconectar com a vida real

  • Pergunte a si mesmo: “se ninguém visse isso, eu ainda faria?”
  • Poste menos, viva mais. Registre o momento, mas aproveite-o antes da foto.
  • Siga pessoas que te inspiram de verdade, não que te fazem se sentir insuficiente
  • Permita-se sair de cena de vez em quando. A vida real continua, mesmo sem stories.

A cultura do engajamento não vai desaparecer. Mas você pode escolher não ser controlado por ela.

Ser visto é bom. Ser aceito, melhor ainda. Mas viver alinhado com quem você é, sem filtros, sem performance, isso sim é liberdade.

Compartilhar.