Pesquisadores da Universidade de Oxford confirmaram um achado impressionante: mel preservado por 2.500 anos foi identificado em jarros de bronze encontrados na antiga cidade de Paestum, no sul da Itália. A descoberta, publicada em 2025 no Journal of the American Chemical Society, une arqueologia e química para resolver um mistério que intrigava cientistas desde 1954.
Um enigma arqueológico finalmente resolvido
Os jarros foram encontrados há mais de sete décadas, mas por anos não foi possível comprovar o conteúdo. Apesar do odor característico que sugeria mel, análises anteriores falharam na detecção de açúcares ou outros vestígios que confirmassem a hipótese.
A solução veio com o uso de técnicas modernas de espectrometria e análise proteômica, que permitiram identificar açúcares hexoses, como a frutose, além de proteínas da geleia real e peptídeos da abelha europeia Apis mellifera. Os resultados revelaram uma composição química praticamente idêntica à do mel atual.
O papel do cobre na preservação milenar
Uma das grandes curiosidades do achado foi entender como o mel resistiu ao tempo. Pesquisas apontam que o cobre presente nos jarros de bronze desempenhou um papel crucial. Esse metal tem propriedades biocidas, que impedem o crescimento de micro-organismos e ajudaram a manter os açúcares estáveis por milênios.
Essa característica, combinada com as condições específicas do local de armazenamento, foi essencial para que o mel chegasse até os dias atuais em condições reconhecíveis.
Significado histórico e cultural da descoberta
Os jarros faziam parte de um heroon, um santuário subterrâneo dedicado a um herói mitológico, ligado inicialmente à cidade grega de Síbaris e que ganhou importância na era romana.
A confirmação da presença de mel oferece pistas sobre práticas alimentares, rituais religiosos e rotas comerciais da época, reforçando a relevância de Paestum como um ponto de encontro cultural e econômico no Mediterrâneo antigo.
Avanço científico e novas possibilidades
O caso de Paestum demonstra como a integração de novas tecnologias está revolucionando a arqueologia. Ao permitir a análise precisa de resíduos milenares, esses métodos abrem caminho para desvendar outros mistérios considerados insolúveis, ampliando o conhecimento sobre civilizações antigas.
A descoberta também reforça o valor do mel como um alimento histórico, presente em diversas culturas e associado não apenas à nutrição, mas também a usos medicinais e rituais.
Encontrar mel intacto após 2.500 anos não é apenas um feito científico: é uma viagem no tempo, capaz de conectar diretamente a vida de povos antigos ao presente.