Depois de nove meses de alta consecutiva, os preços dos alimentos finalmente recuaram em junho de 2025. A queda foi tímida, apenas 0,02%, segundo o IBGE, mas já representa um alívio real para o bolso de milhares de famílias brasileiras. Para quem depende do supermercado, essa redução não é só uma boa notícia, é uma oportunidade concreta de reorganizar o orçamento e fazer o dinheiro render mais.

Mas atenção: esse alívio é pontual. O recado dos especialistas é claro, não é hora de gastar mais, e sim de usar a folga com inteligência. Segundo dados da FGV, os alimentos ainda consomem, em média, 22,6% da renda das famílias que vivem com até 1,5 salário-mínimo. Isso é mais do que os 18,4% registrados em 2018. E desde 2020, a inflação acumulada dos alimentos já ultrapassa 55%.

Por que os preços caíram agora

A redução nos preços tem explicações pontuais. Segundo Ricardo de Almeida, diretor financeiro do Cartão de TODOS, essa trégua veio graças a uma safra mais favorável, queda nos custos de transporte, condições climáticas melhores e o impacto da taxa de juros elevada, que freia o consumo e pressiona os preços para baixo.

Mas ele alerta: “Não é um alívio permanente. É conjuntural. Ou seja, pode mudar a qualquer momento.”

Como transformar o alívio em economia real

O maior erro dos consumidores nesse cenário é confundir preço mais baixo com permissão para gastar mais. Comprar em excesso só porque está barato, principalmente alimentos perecíveis, gera desperdício e joga dinheiro fora.

O ideal é manter o consumo equilibrado e usar a diferença de valor para reforçar outras áreas do orçamento, como a reserva de emergência, quitar dívidas ou antecipar contas futuras.

O que fazer na prática

Segundo Ricardo de Almeida, o segredo é montar cardápios mais acessíveis com base nos alimentos da estação e nos itens que tiveram maior redução de preço, como legumes, frutas, arroz e ovos. Planejamento é a chave para aproveitar esse momento da forma mais estratégica possível.

Além disso, atenção ao comportamento dentro do supermercado. O alívio nos preços não pode virar justificativa para impulsos. Evite cair em promoções enganosas, embalagens maiores sem necessidade real ou itens supérfluos que você não compraria em outra situação.

8 práticas para economizar de verdade no supermercado

Mesmo com preços mais baixos, dá para economizar ainda mais com atitudes simples. Veja as orientações práticas do economista:

  1. Planeje antes de comprar: monte uma lista com base em um cardápio semanal. Evita compras desnecessárias e desperdícios.
  2. Nunca vá ao mercado com fome: aumenta o risco de comprar por impulso.
  3. Compare preços entre lojas: aplicativos de comparação ajudam muito.
  4. Prefira alimentos da estação: mais baratos, mais frescos e mais nutritivos.
  5. Evite embalagens “econômicas” por impulso: só funcionam se houver consumo real.
  6. Fuja de promoções por volume: o “leve 3, pague 2” só vale se você realmente for usar tudo.
  7. Use programas de cashback e fidelidade: devolvem parte do valor e ajudam a manter o controle do gasto.
  8. Reduza ultraprocessados: são caros, pouco nutritivos e aumentam os custos com saúde a longo prazo.

Alimentação mais consciente, finanças mais fortes

Aproveitar esse momento não é sobre encher o carrinho. É sobre mudar a forma de consumir. Cozinhar mais em casa, reaproveitar sobras, reduzir produtos prontos e rever prioridades são atitudes que fazem diferença no orçamento e na saúde da família.

Para Ricardo de Almeida, a diferença entre quem vive no sufoco e quem se organiza está no hábito, não no preço. “Estabilidade financeira não vem do que está na etiqueta do supermercado, mas da forma como você lida com o seu dinheiro todos os dias.”

Em vez de tratar essa queda como exceção, use-a como um ponto de virada. Quem aprende a comprar com consciência agora, vai estar mais preparado quando os preços voltarem a subir.

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