A criação da faixa 4 do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que entrou em vigor em maio de 2025, trouxe novo fôlego ao mercado imobiliário brasileiro, especialmente para imóveis com valores de até R$ 500 mil. As principais construtoras do país, como MRV, Cury, Direcional, Plano & Plano e Tenda, já colhem os frutos: juntas, elas lançaram R$ 9 bilhões em novos empreendimentos no segundo trimestre, alta de 28,3% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas também avançaram, somando R$ 8,2 bilhões, um crescimento de 12,3%.
A faixa 4 atende famílias com renda mensal entre R$ 8,6 mil e R$ 12 mil, público que vinha sendo impactado pelos altos juros do financiamento habitacional, entre 12% e 13% ao ano. Com o novo modelo, essas famílias passaram a ter acesso a crédito com taxas subsidiadas de cerca de 10,5% ao ano, tornando os imóveis mais acessíveis. Para viabilizar a medida, o governo federal utilizou recursos do fundo de exploração do pré-sal.
Na MRV, a faixa 4 já representa 20% dos lançamentos. Segundo o diretor financeiro da empresa, Ricardo Paixão, a medida melhorou o acesso à casa própria e permitiu acelerar as vendas. Com isso, a empresa conseguiu reduzir o número de parcelas de entrada exigidas dos clientes e até aumentar o valor dos imóveis vendidos, que teve alta média de 7,6%, chegando a R$ 270 mil.
Na Cury, o otimismo também é grande. Com a faixa 4, 94% dos projetos da empresa passaram a ser elegíveis ao MCMV, frente aos 70% anteriores. O diretor institucional Ronaldo Cury afirmou que o desempenho da companhia foi impulsionado por uma “conjunção de fatores positivos” e que a destinação de recursos do pré-sal ao setor foi decisiva. O preço médio dos imóveis vendidos pela empresa subiu para R$ 337,8 mil, avanço de 8,8%.
Para a Direcional, 90% dos empreendimentos passaram a se enquadrar no programa após as mudanças. O presidente da companhia, Ricardo Gontijo, afirma que a faixa 4 trouxe de volta ao mercado milhares de famílias que estavam fora do alcance do crédito. A expectativa é de crescimento contínuo nas vendas até o fim do ano.
Já a Emccamp, com atuação em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, planeja dobrar o volume de lançamentos até 2027, chegando a R$ 2 bilhões. O diretor financeiro André Avelar destacou que todos os projetos atuais da empresa foram incluídos na nova faixa do MCMV, ampliando a liquidez e viabilizando vendas de imóveis que antes estavam fora do programa por ultrapassarem o limite de R$ 350 mil.
A nova faixa 4 do MCMV vem transformando o cenário da habitação no Brasil, destravando vendas e incentivando lançamentos. Para o mercado imobiliário, representa um impulso certeiro na direção do crescimento com inclusão.