Muita gente acredita que falar sozinho é sinal de desequilíbrio, mas a psicologia mostra que esse hábito pode ter um significado bem diferente. Segundo especialistas, conversar em voz alta consigo mesmo pode ser um recurso poderoso para organizar pensamentos, lidar com emoções e até melhorar o desempenho em situações do dia a dia.
A psicóloga Patricia Rosillo, do centro El Prado Psicólogos, explica que esse comportamento, longe de ser um problema, pode ser benéfico e saudável, desde que não esteja ligado a transtornos mentais graves. Ela afirma que falar sozinho ajuda a colocar ideias em ordem, lembrar de tarefas importantes e até encontrar soluções com mais clareza. É como se, em certos momentos, pudéssemos ser nosso próprio conselheiro, guiando-nos com mais empatia e discernimento.
Essa prática, segundo Rosillo, é uma forma de autorreconhecimento. “Conversamos com diferentes partes de nós mesmos como faríamos com um amigo de confiança. Isso nos ajuda a acalmar, refletir, decidir e até nos motivar em momentos de dúvida ou pressão”, afirma a especialista. A comparação com um diálogo com alguém próximo faz sentido: quando expressamos um pensamento em voz alta, o cérebro registra com mais atenção e clareza.
Outro ponto relevante é a conexão entre falar sozinho e a inteligência emocional. De acordo com a psicóloga, pessoas que cultivam esse hábito com frequência costumam ter mais consciência de seus sentimentos, além de maior capacidade de gestão emocional. Isso porque o diálogo interno em voz alta contribui para entender o que se passa dentro de si e reagir de forma mais equilibrada às situações.
No entanto, Rosillo faz um alerta importante: o tom dessa conversa precisa ser respeitoso. Falar consigo mesmo com agressividade, cobranças excessivas ou ofensas internas pode ser prejudicial. O ideal é manter um diálogo interno gentil, acolhedor e construtivo.
O hábito de falar sozinho, portanto, não deve ser visto como um comportamento estranho ou vergonhoso. Pelo contrário, pode ser uma ferramenta poderosa de autoconhecimento, foco e equilíbrio emocional. E quanto mais as pessoas compreenderem o valor dessa prática, maior será o cuidado com a saúde mental no dia a dia.