O Google anunciou a construção de uma usina nuclear avançada no estado do Tennessee, em parceria com a empresa californiana Kairos Power. O projeto, previsto para iniciar operações em 2030, tem como principal objetivo fornecer eletricidade limpa e estável para os centros de processamento de dados da companhia nos Estados Unidos, garantindo a infraestrutura necessária para sustentar o crescimento acelerado da inteligência artificial generativa.
A decisão marca um passo estratégico da empresa diante do aumento expressivo no consumo de energia, impulsionado pelas demandas tecnológicas. A construção será realizada em Oak Ridge, região conhecida por seu histórico em pesquisas nucleares, e terá suporte da Tennessee Valley Authority (TVA), companhia responsável pelo fornecimento de eletricidade no estado e no vizinho Alabama.
O crescimento da demanda energética com a inteligência artificial
Nos últimos anos, os avanços em inteligência artificial transformaram a forma como empresas e usuários interagem com a tecnologia. Essa evolução, no entanto, exige enormes quantidades de eletricidade para manter os centros de dados em funcionamento.
Apenas o processamento de modelos de IA generativa consome energia em níveis sem precedentes, colocando pressão sobre sistemas elétricos já sobrecarregados. Estimativas do setor apontam que o uso de energia por data centers nos Estados Unidos pode dobrar até o fim da década, o que força as empresas de tecnologia a buscar soluções sustentáveis e de longo prazo.
Diante desse cenário, a energia nuclear surge como alternativa viável para suprir a alta demanda sem ampliar a dependência de combustíveis fósseis. Para o Google, a escolha pelo reator nuclear modular de pequena escala (SMR) representa não apenas eficiência, mas também segurança energética em uma fase crítica de expansão.
A inovação da geração IV de energia nuclear
O projeto do Google com a Kairos Power marca a primeira vez em que uma empresa de serviços públicos norte-americana assina contrato de fornecimento com reatores de geração IV, uma tecnologia considerada mais segura e eficiente que os modelos tradicionais.
Esses reatores utilizam sistemas avançados de resfriamento e design que reduzem significativamente os riscos associados à energia nuclear, além de oferecer maior flexibilidade de operação. A previsão é que a usina tenha capacidade inicial de 50 megawatts, mas o plano estratégico prevê alcançar até 500 megawatts em capacidade instalada, o suficiente para abastecer cerca de 350 mil residências.
A aposta reforça a visão de que a energia nuclear de nova geração será essencial para garantir estabilidade energética em meio à transição para fontes mais limpas e ao mesmo tempo atender ao crescimento explosivo do setor digital.
Benefícios para os centros de dados do Google
O fornecimento estável de energia é fundamental para manter a operação ininterrupta dos centros de dados, que hospedam desde ferramentas de busca até serviços de armazenamento em nuvem e plataformas de IA.
Com a nova usina, os data centers do Tennessee e do Alabama terão uma fonte de eletricidade confiável e livre de carbono, reduzindo vulnerabilidades como oscilações no fornecimento de energia e dependência de fontes poluentes.
Além disso, o contrato de longo prazo com a TVA garante previsibilidade nos custos de eletricidade, fator estratégico para uma empresa que opera em escala global e precisa de estabilidade para expandir seus negócios digitais.
Impactos ambientais e estratégicos
A iniciativa também se destaca pelo impacto ambiental positivo. Ao optar por energia nuclear avançada, o Google busca reduzir sua pegada de carbono e dar mais um passo em direção à meta de operar com 100% de energia livre de emissões.
Em comunicado, o secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, destacou que a implantação desses reatores é fundamental para que o país mantenha sua liderança em inteligência artificial e inovação energética.
Hoje, os Estados Unidos não contam com usinas de geração IV em operação comercial, o que torna o projeto em Oak Ridge um marco para o setor. Se bem-sucedido, ele poderá abrir caminho para novas parcerias entre empresas de tecnologia e fornecedoras de energia nuclear, criando um ecossistema de inovação energética que pode ser replicado em outras regiões do mundo.
O futuro da energia nuclear e a corrida tecnológica global
A decisão do Google reflete uma tendência maior: a corrida das big techs para garantir energia limpa e estável que sustente o avanço da IA. Empresas como Microsoft, Amazon e Meta também estudam soluções alternativas, incluindo energia solar, eólica e nuclear.
Com o crescimento da demanda mundial por serviços digitais, a competição energética se tornou parte da disputa global pela liderança em inteligência artificial. A aposta em reatores nucleares avançados pode colocar os Estados Unidos em posição de vantagem nessa corrida, unindo tecnologia, segurança energética e sustentabilidade.
O projeto no Tennessee, portanto, não é apenas uma iniciativa isolada do Google, mas um marco que pode transformar o futuro do fornecimento de energia para o setor tecnológico.
Com isso, o Google reforça seu compromisso em garantir energia limpa, confiável e de longo prazo, preparando terreno para que a inteligência artificial continue evoluindo sem comprometer a estabilidade energética e ambiental.