O nome pode parecer dramático, mas o “quiet quitting” não é pedir demissão é fazer apenas o que está no contrato, sem extrapolar, sem se sacrificar além do necessário. Nada de horas extras não pagas, e-mails fora do expediente ou metas inalcançáveis. É o trabalhador dizendo: “eu entrego o combinado, e só.”

Esse movimento ganhou força nos últimos anos como resposta a excessos de cobrança, falta de reconhecimento e exaustão generalizada. Não é rebeldia, é limite. E ele está fazendo muita gente repensar o que significa “trabalhar bem”.

O que exatamente é o “quiet quitting”?

Em português, algo como “demissão silenciosa”. Mas, na prática, não é deixar o emprego, é deixar de se sacrificar sem retorno. É cumprir as obrigações com qualidade, mas sem ir além do que foi acordado. Nada de virar o “funcionário coringa” que resolve tudo, nem viver à disposição da empresa 24h por dia.

Não é preguiça. É uma forma de proteção emocional e equilíbrio.

Por que tanta gente está aderindo?

Depois de anos de jornadas longas, metas inalcançáveis e a romantização do “trabalhar até cair”, muita gente percebeu que:

  • A entrega extra nem sempre é reconhecida
  • O excesso leva ao burnout, não à promoção
  • Vida pessoal não é luxo é necessidade

O “quiet quitting” é uma forma de recuperar controle sobre o próprio tempo e energia, especialmente em um mundo que normalizou a hiperdisponibilidade.

Quais os sinais de quem pratica o quiet quitting?

  • Faz bem o seu trabalho, mas não se envolve em tarefas fora do escopo
  • Não responde mensagens fora do horário
  • Evita levar problemas da empresa pra casa
  • Não participa de projetos extras voluntariamente
  • Cuida da saúde mental como prioridade

É alguém que trabalha com responsabilidade, mas sem se anular pelo emprego.

Isso é bom ou ruim para as empresas?

Depende da visão de liderança. Para gestores que confundem “comprometimento” com “exploração”, o quiet quitting parece ameaça. Mas para líderes mais conscientes, é um sinal claro de que algo precisa mudar.

Funcionários só se desengajam quando se sentem sobrecarregados, desvalorizados ou invisíveis. O quiet quitting não surge do nada ele é resposta a ambientes de trabalho que não reconhecem esforço extra.

E se todo mundo fizer isso?

Não há problema em todos cumprirem apenas o que é esperado. O problema está em esperar superentregas constantes sem contrapartida. Quando o equilíbrio é restabelecido, a cultura do trabalho muda: menos desgaste, mais clareza e relações mais saudáveis.

Aliás, muita gente que pratica o quiet quitting retoma a vontade de trabalhar quando percebe que seu tempo e saúde são respeitados.

É possível se destacar sem se esgotar?

Sim. Trabalhar bem não exige se sacrificar. Você pode se destacar sendo eficiente, criativo, colaborativo e pontual, sem abrir mão da sua vida pessoal.

A chave está no equilíbrio: entregar com excelência dentro dos limites saudáveis.

Quiet quitting não é sobre fazer pouco. É sobre fazer o certo e cuidar de si no processo. Em vez de “vestir a camisa” a qualquer custo, o movimento convida a vestir o próprio bem-estar. E isso, no fim, beneficia todo mundo.

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