Um novo estudo da Universidade do Colorado Boulder acende um sinal de alerta sobre o eritritol, adoçante muito usado em bebidas e alimentos com apelo dietético. Presentes em refrigerantes “zero”, sorvetes light e produtos para dietas low-carb, pequenas quantidades dessa substância podem afetar negativamente o cérebro e o sistema cardiovascular, segundo os pesquisadores.

A pesquisa, publicada no Journal of Applied Physiology, avaliou os efeitos do eritritol em células humanas expostas a uma dose comum do adoçante, equivalente à encontrada em uma bebida sem açúcar. Em apenas três horas, foram observadas alterações importantes na função celular: houve redução na produção de óxido nítrico, responsável por dilatar os vasos sanguíneos, e aumento da endotelina-1, proteína que contrai esses vasos. Essa combinação favorece o estreitamento das artérias e eleva o risco de formação de coágulos.

Além disso, foi identificado um acúmulo de radicais livres, que aceleram o envelhecimento celular e aumentam a inflamação. Esses fatores, somados, potencializam a chance de acidentes vasculares cerebrais, especialmente em pessoas com predisposição a problemas circulatórios.

Risco silencioso nos alimentos diet

Outro dado preocupante do estudo é a interferência do eritritol na capacidade do corpo de dissolver coágulos. As células tratadas com o adoçante apresentaram queda na produção de t-PA, proteína essencial para a quebra natural dos coágulos sanguíneos. Isso pode tornar o organismo mais vulnerável a eventos vasculares graves.

A autora principal do estudo, Auburn Berry, reforça que mesmo doses moderadas do adoçante podem causar efeitos nocivos. O risco aumenta consideravelmente entre consumidores que ingerem várias porções por dia de produtos industrializados com eritritol.

Popularidade do eritritol esconde riscos

Aprovado pelo FDA em 2001, o eritritol é produzido principalmente a partir da fermentação do milho. Com sabor semelhante ao do açúcar e baixo índice glicêmico, caiu nas graças de quem busca controlar o consumo de calorias e açúcar. No entanto, pesquisas recentes têm apontado para possíveis riscos associados ao seu uso contínuo.

Um levantamento anterior com 4.000 pessoas nos Estados Unidos e Europa revelou que altos níveis de eritritol no sangue estavam ligados a maior incidência de infartos e AVCs num período de três anos.

Diante das evidências, especialistas recomendam atenção aos rótulos de alimentos, sobretudo entre pessoas que consomem muitos produtos dietéticos. Palavras como “eritritol” ou “álcool de açúcar” indicam a presença do adoçante.

Embora o estudo mais recente tenha sido realizado em laboratório com células isoladas, os cientistas alertam que os resultados justificam novas investigações com grupos humanos para entender os impactos de longo prazo. Enquanto isso, o consumo consciente se torna ainda mais importante.

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