Um dos maiores desafios enfrentados pelos motociclistas no Brasil é o custo para se regularizar. Em muitas cidades, o valor da CNH de moto já ultrapassa R$ 3 mil, o que explica por que cerca de metade dos condutores de motos estão nas ruas sem habilitação. Esse problema se agrava a cada ano e coloca em risco não apenas quem pilota, mas toda a segurança no trânsito brasileiro.
Segundo dados recentes da Confederação Nacional do Transporte (CNT), aproximadamente 50% das motos em circulação estão sob condução de pessoas sem CNH categoria A. Esse cenário está diretamente ligado ao valor elevado da habilitação, que inclui exames médicos, aulas teóricas, práticas e taxas administrativas.
Por que tirar CNH de moto está tão caro no Brasil
O valor da CNH de moto pode variar entre R$ 2.500 e mais de R$ 3.500, dependendo da região, segundo levantamento da Motonline. Em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o preço ultrapassa os R$ 3.000 com facilidade. A explicação está nos custos operacionais das autoescolas, taxas cobradas pelos Detrans e estrutura exigida para as aulas práticas.
Além do custo, o tempo necessário para concluir todas as etapas afasta muitos brasileiros que dependem da moto para trabalhar imediatamente. Isso leva ao aumento das motos ilegais, que circulam sem documentação ou com condutores sem formação adequada.
O impacto direto na segurança e nos hospitais públicos
A ausência da CNH vai muito além de uma irregularidade burocrática. Motociclistas sem formação são mais propensos a cometer infrações e se envolver em acidentes graves. Dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (SINESP) revelam que esses condutores estão presentes em boa parte dos crimes de trânsito e são difíceis de fiscalizar.
Segundo a ABRAMET, os motociclistas lideram o ranking de vítimas de traumas hospitalares. Cada internação custa, em média, mais de R$ 20 mil ao sistema de saúde pública. Ou seja, a falta de formação e de regularização também pesa nos cofres do governo e da sociedade.
Programas tentam facilitar a CNH, mas ainda são limitados
Para enfrentar o problema, algumas regiões criaram programas como a CNH Social, presente em estados como Espírito Santo, Pernambuco e Goiás. Eles oferecem isenção de taxas para pessoas de baixa renda. Também existem parcerias entre prefeituras e autoescolas para reduzir o valor final e oferecer parcelamentos de até 24 vezes.
Apesar das iniciativas, o alcance ainda é pequeno diante da demanda. A maioria dos motociclistas segue enfrentando barreiras financeiras para obter a habilitação.
O que pode ser feito para mudar esse cenário urgente
Especialistas apontam caminhos para tornar a CNH de moto mais acessível no Brasil:
- Reduzir o número de aulas obrigatórias para casos específicos
- Expandir o programa CNH Social para mais estados
- Cortar taxas públicas como exames médicos e psicotécnicos
- Estimular o uso de aulas online para reduzir custos
- Investir em campanhas de conscientização sobre segurança no trânsito
Com quase metade dos motociclistas fora da legalidade, a urgência é clara. Tornar a CNH mais acessível é questão de justiça social, mas também de saúde pública, segurança viária e organização urbana.