Nem todos enxergam o mundo da mesma forma. Enquanto a maioria das pessoas vê cerca de um milhão de tons, uma pequena parcela da população tem a capacidade de perceber até cem vezes mais cores. Esse fenômeno tem nome: tetracromacia. E é apenas uma das razões pelas quais a experiência visual pode ser tão única entre os indivíduos.

O que explica essa visão “sobrehumana”?

Tudo começa nos olhos. Mais precisamente, nas células da retina chamadas cones, responsáveis por identificar as cores. A maioria das pessoas tem três tipos de cones, que reconhecem tons de vermelho, verde e azul. Mas há quem nasça com um quarto tipo de cone, o que pode ampliar drasticamente a paleta visual. Esse superpoder é mais comum em mulheres, já que os genes responsáveis pelos cones estão ligados ao cromossomo X, e as mulheres possuem dois.

Ter um cone extra, no entanto, não basta. O cérebro precisa saber interpretar os sinais que ele envia. Ou seja, mesmo entre os tetracromatas, a intensidade da percepção depende de como o cérebro processa essas informações.

Por que cada pessoa enxerga cores de forma diferente?

Além da genética, fatores como idade, doenças oculares e iluminação também influenciam. O envelhecimento, por exemplo, pode amarelar o cristalino, alterando a forma como vemos os tons. Catarata e outras condições de saúde visual afetam diretamente a nitidez e a fidelidade das cores.

Até o ambiente faz diferença. A luz natural revela tons com mais precisão, enquanto luzes artificiais podem distorcer a percepção. Essa variabilidade é parte do que torna o mundo visual tão subjetivo.

E quando a visão das cores é limitada?

O daltonismo, condição que reduz a capacidade de distinguir cores, atinge principalmente os homens. Apesar de ser muitas vezes subestimado, pode afetar a vida profissional e pessoal. Designers, pilotos e profissionais de áreas que exigem precisão nas cores enfrentam mais dificuldades.

Felizmente, a tecnologia tem oferecido soluções. Lentes especiais, apps que identificam cores e até estudos de edição genética estão abrindo novos caminhos para os daltônicos. O avanço da ciência pode, num futuro próximo, transformar totalmente a forma como essas pessoas enxergam o mundo.

A visão como resultado da evolução

Essa diversidade visual não surgiu por acaso. A evolução desempenhou um papel essencial. Ter uma visão mais apurada das cores pode ter sido fundamental na identificação de alimentos e na sobrevivência de nossos ancestrais. E mesmo nos dias atuais, há quem veja mais ou menos, mas ninguém vê tudo da mesma forma.

Cada olhar é único, moldado por uma combinação de genética, biologia, ambiente e até cultura. E isso torna a experiência de enxergar ainda mais fascinante. Entender essa diversidade é valorizar a complexidade de como percebemos o mundo e reconhecer que, em termos de cores, há sempre mais do que os olhos podem ver.

Compartilhar.