Você já percebeu que muitas pessoas mais velhas acordam muito cedo, mesmo sem despertador? Isso não é coincidência e a ciência tem uma explicação clara para esse fenômeno.
Com o passar dos anos, o corpo passa por mudanças naturais que afetam diretamente o relógio biológico, os hormônios do sono e até a forma como o cérebro responde à luz. Tudo isso contribui para que o sono comece e termine mais cedo.
O relógio biológico se adianta com a idade
À medida que envelhecemos, os chamados ritmos circadianos se adiantam. O sono vem mais cedo à noite, e o corpo tende a despertar também mais cedo pela manhã. Esse fenômeno é conhecido como síndrome da fase avançada do sono.
Estudos mostram que esse adiantamento pode chegar a duas horas, o que explica por que muitos idosos dormem por volta das 20h e acordam antes das 5h da manhã.
Melatonina e cortisol: hormônios que influenciam o sono
A produção de melatonina, o hormônio que induz o sono, diminui naturalmente após os 60 anos. Ao mesmo tempo, o corpo começa a liberar cortisol, o hormônio que sinaliza o despertar mais cedo do que antes.
Essa mudança hormonal faz com que o sono fique mais leve, mais curto e mais propenso a interrupções.
Menos luz e estímulos confundem o cérebro
Com o tempo, o cérebro também fica menos sensível à luz natural, especialmente à luz azul, que ajuda a manter o corpo alerta durante o dia.
Problemas de visão comuns na terceira idade, como catarata e degeneração macular, bloqueiam parte dessa luz, o que faz o cérebro interpretar o fim da tarde como se fosse noite.
Sem luz suficiente, o corpo entende que já é hora de dormir e isso adianta ainda mais o relógio interno.
O sono também muda por dentro
Além de dormir mais cedo, o sono dos idosos se torna mais superficial. Há uma redução drástica no tempo de sono profundo e um aumento nos microdespertares durante a noite.
Isso causa sensação de cansaço ao acordar e contribui para o ciclo de dormir cada vez mais cedo, mesmo sem intenção.
Doenças e remédios também têm impacto
Muitos idosos convivem com condições que atrapalham o sono, como apneia, dores crônicas, síndrome das pernas inquietas e uso frequente de diuréticos ou betabloqueadores. Todos esses fatores dificultam um descanso profundo e contínuo.
Além disso, o uso de certos medicamentos pode desregular o sono, provocando despertares nas primeiras horas da manhã.
Como melhorar a qualidade do sono na terceira idade
Mesmo com todas essas mudanças naturais, é possível melhorar o sono com alguns cuidados simples:
- Exposição ao sol pela manhã ajuda a regular o relógio biológico
- Melhorar a iluminação da casa no fim da tarde evita o sono precoce
- Ajustar medicamentos com orientação médica pode reduzir os efeitos colaterais
- Rotina regular de sono e atividades relaxantes no fim do dia ajudam a manter o ritmo
Entender por que os idosos acordam cedo é o primeiro passo para criar um ambiente mais favorável ao descanso e garantir mais disposição e bem-estar ao longo do dia.